segunda-feira, março 14

DEM dá um ultimato a Kassab nesta 2ª: Fica ou sai?


O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, receberá nesta segunda-feira (14) um ultimato do DEM. Terá de informar se fica na legenda de oposição ou se vai mesmo fundar um novo partido governista, o PDB. A cobrança chega às vésperas da convenção nacional do DEM, marcada para esta terça (15). Nesse encontro, o senador José Agripino Maia (RN) será aclamado novo presidente do DEM, em substituição a Rodrigo Maia (RJ). 


Agripino vai à convenção como cabeça de uma chapa única. Acomodaram-se na nova direção dois deputados submetidos à liderança de Kassab. Um deles, Guilherme Campos (SP), foi escalado como titular da Executiva. O outro, Walter Ihoshi (SP), foi brindado com uma suplência. Antes do Carnaval, Agripino reuniu-se com Kassab, em São Paulo. Ficou entendido na conversa que o prefeito teria de definir seu futuro antes da convenção. O próprio Kassab declarou que não faria sentido manter na Executiva aliados que, confirmados, renunciariam e se bandeariam para um partido novo.


Depois do encontro, Kassab viajou para Paris. Retornou ao Brasil no final de semana. E não se dignou a tocar o telefone para Agripino. Nesta segunda, Agripino se reunirá, em Brasília, com o ex-senador Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM. Se a resposta de Kassab não tiver chegado, um dos dois –Agripino ou Bornhausen— vai cobrar dele, pelo telefone, uma definição. Na hipótese de Kassab manter o projeto de deixar o DEM, os deputados Guilherme Campos e Walter Ihoshi serão apeados da Executiva horas antes da convenção.
O ultimato desce à crônica do DEM como movimento derradeiro de uma operação urdida para isolar o "fio desemcapado" Kassab.


Principal aliado do prefeito, Bornhausen tomou distância do projeto do novo partido, associando-se a Agripino na reestruração do DEM. Outros personagens que gravitavam ao redor de Kassab foram atraídos para a chapa da “conciliação”. De adversário de Agripino, o ex-senador Marco Maciel (PE) tornou-se candidato único à presidência do Conselho Político do DEM, hoje chefiado por Kassab. Ex-vice de José Serra (PSDB), Índio da Costa (RJ) escalou a chapa de Agripino como vice-presidente. O deputado Marcos Montes (MG), outro ex-aliado de Kassab, vai virar secretário-geral da legenda. Antes, estimava-se que, consumada a migração de Kassab, algo como duas dezenas de deputados da tribo ‘demo’ o seguiriam.


Hoje, a nova cúpula do DEM avalia que o prefeito não leva mais do que três deputados federais de São Paulo. Parlamentares que eram tidos como aliados incondicionais de Kassab mudam de rota em pleno vôo. Um deles, o deputado Rodrigo Garcia (DEM-SP), telefonou de Londres para Agripino. Avisou que ficará no DEM. A senadora Kátia Abreu (TO) escreveu no twitter, na semana passada, que o DEM continua na "UTI". Mas anotou que dará um "voto de confiança" a Agripino. É contra esse pano de fundo que Kassab terá de tomar sua decisão. “Chegou o dead line do Kassab”, disse Agripino a um correligionário.


O senador esboçava na noite passada o discurso que pronunciará na convenção em que será aclamará como presidente. Com ou sem a companhia de Kassab, vai defender que o partido comece a se organizar para a eleição municipal de 2012. Deseja marcar imediatamente a data das convenções estaduais e municipais. Almeja abrir diretórios em cada um dos mais de 5.000 municípios. Defenderá que a legenda lance candidatos em todas as praças nas quais consiga empinar nomes minimamente viáveis. Eventuais composições, só no segundo turno.


Dirá que se autoimpôs a missão de sanar as divergências regionais. Planeja correr o país.
Na tentativa de virar a página da crise interna, Agripino sustentará a tese segundo a qual o DEM é, hoje, a única legenda apta a empunhar a agenda liberal. Inclui a defesa de um “Estado com tamanho adequado” e de uma “carga tributária decente”. Desfralda a bandeira da participação do capital privado nas áreas em que o governo não tem dinheiro para investir: portos, aeroportos, energia elétrica...


Acha que, munido desse ideário, conseguirá reerguer o DEM. Ainda rumina um laivo de esperança de que Kassab fique. Mas exige a resposta. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário